Setembro é o mês de prevenção ao suicídio, adotado no Brasil em 2015, iniciado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) junto com o Conselho Federal de Medicina (CFM), ao identificar a necessidade de um cuidado maior com o assunto com os números de suicídios e tentativas aumentando nos últimos anos.
Porque Setembro Amarelo?
O pontapé inicial para a campanha Setembro Amarelo iniciar, acontece com o suicídio de Mike Emme, jovem de 17 anos, em setembro de 1994 nos Estados Unidos, com seu Mustang 1968 pintado de amarelo sendo sua marca registrada.
A ação começa com os amigos e familiares que se mobilizaram e distribuíram fitas amarelas com a mensagem incentivando aos que precisassem pedissem ajuda, afinal tanto os pais quanto os amigos não conseguiram identificar tendências de Mike Emme de que pretendia tirar sua vida naquele dia dentro de seu carro.
Gesto esse que foi essencial para tornar-se a marca da campanha, chegando ao Brasil em 2013 como um assunto de notoriedade, com Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP, implementando no calendário nacional de campanhas, tendo amplo espaço desde 2014.
O dia 10 de setembro é o dia mundial de prevenção ao suicídio, mas que é caracterizado por alertas e campanhas de conscientização durante os 30 dias do mês, assim consegue ampliar o alcance de levar a pauta e os cuidados a todos.
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos.
No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Os números são altos e a necessidade da atenção e cuidado com os sinais que as pessoas com a tendência a suicídio podem apresentar também devem ser levados a sério, por isso a Brasil Portas não poderia ficar de fora, prezar pelo cuidado com todos
Mesmo com as campanhas de conscientização, de canais instituídos para auxiliar e encorajar que as pessoas busquem ajuda, os países das Américas vão em desencontro com o resto do mundo que conta com a queda nos índices de suicídio, com o aumento segundo a OMS. Os grandes vilões que estão aumentando o índice são as doenças mentais com tratamentos inadequados ou muitas vezes nem identificadas. E entender o olhar social para essas doenças também é um ponto primordial para conseguirmos ajudar quem vê o suicídio como uma saída.
Como a sociedade brasileira estigmatiza as doenças mentais?
Não podemos negar que atualmente contam com uma atenção e um cuidado maior do que a alguns anos atrás, porém ainda muito criticadas por quem não sofre ou não entende como as doenças mentais são preocupantes, as pessoas com doenças mentais acabam por se esconder em máscaras para disfarçar os sintomas das doenças, esquivando-se dos tratamentos e não pedindo ajuda.
Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.
Como identificar os sinais de alerta em relação ao suicídio?
O Ministério da Saúde conta com instruções que podem ajudar na identificação destas tendências, a fim de evitar possíveis tentativas de suicídio.
“Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser considerados isoladamente. Não há uma “receita” para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo.
- O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas:
Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.
- Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança:
As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.
- Expressão de ideias ou de intenções suicidas:
Fiquem atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados:
- “Vou desaparecer.”
- “Vou deixar vocês em paz.”
- “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”
- “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
- Isolamento:
As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.
- Outros fatores:
Exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.”
Por muitas vezes os sentimentos de quem está enfrentando a situação tem seus sentimentos desprezados ou mesmo ridicularizados, o que gera o afastamento e aumenta a tendência a conseguir concretizar o ato do suicídio. Saber acolher e respeitar os sentimentos do outro é o primeiro passo para conseguir lidar e auxiliar quem as veze não vê saída e precisa da visão de um amigo.
Como e onde buscar ajuda?
O CVV, Centro de Valorização da Vida, realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat, 24 horas todos os dias.
A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, são gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.
Peça ajuda, as vezes o suicídio pode parecer a única solução, mas quem vê de fora pode te ajudar a encontrar a solução correta, busque ajuda.
A Brasil Portas também está na luta para a prevenção ao suicídio. Você não está só!